PIEDADE
Piedade
Se você lê os meus textos ou me ouve há algum tempo já deve ter percebido minha predileção pelo Eclesiastes. Acho o tipo de livro que nos tira a ilusão a respeito de que exista elementos mágicos na vida.
É um livro que não deixa dúvida que todos nós de igual forma somos em um momento ou em outro atingidos por adversidades. E contra isso não existem manobras ou palavras certas que se possa recitar afim de evitar lutas e aflições. É um livro que trata a vida como a vida é.
Mas mesmo com todo descortinar de olhos e com os desencantamentos que o livro nos traz, as vezes me pego pensando sobre o “segredo” da vida. Principalmente sobre o segredo de viver de uma forma que honre a Deus em cada aspecto da vida, por mínimo que seja.
Olhando para a vida de pessoas na bíblia que consideramos exemplos de gente piedosa e que alcançaram bom testemunho, me pergunto sobre o que os impulsionaram para que fossem tão eficazes no tipo de vida piedosa que tiveram.
O profeta Daniel por exemplo tem uma biografia marcante e inspiradora. Um jovem que foi tirado de sua terra natal, inserido em outra cultura de forma abrupta e mesmo assim não se deixou influenciar por esta cultura, mantendo sua consciência limpa para com seu Deus. Mesmo que à sua disposição tivesse todas as iguarias de um rei.
Daniel foi alguém que se manteve firme mesmo diante da iminência da morte. Para nós é sempre mais fácil olhar de longe a história, mas pensar num jovem que preferiu perder a vida a abrir mão de seus princípios é fascinante. Alguém que prefere abrir mão do bem mais precioso que temos, a vida, do que pecar contra seu Deus, é alguém que pode nos iluminar sobre a vida e seu segredo.
A pergunta agora se coloca de maneira mais imponente: O que esse jovem percebeu? O que ele descobriu? Por que diante do dilema de continuar vivendo ou pecar contra Deus, escolheu a morte?
Se compararmos este jovem com o tipo de jovens que temos sido é de se envergonhar. Por muito menos nós pecamos contra Deus. E muitas vezes, nem por conta de pressões externas, mas pela própria vasão que damos aos desmandos de nossos corações.
Bem, o que seria capaz de nos fazer trilhar este caminho inegociável? E, mais que isso, que motivo realmente justo teríamos para preferir a morte a pecar contra Deus? Essa é uma pergunta capciosa, pois se existir algum motivo que não seja Deus que nos faça escolher Deus a viver, estaríamos escolhendo o motivo e não Deus. Isto se revelaria idolatria.
Assim a resposta óbvia para o segredo da vida piedosa é o próprio Deus. Deus deveria ser a própria razão de fazer com que continuássemos firmes em querer honra-lo mesmo diante da morte.
Voltamos ao ponto de partida. Não sei se te satisfaz, mas se há segredo o segredo é Deus. Ama-lo de todo coração, com toda força, com todo entendimento, até que nada mais importe, e, honra-lo mais que tudo, inda que custe a própria vida, é o segredo da vida piedosa. Que Deus mesmo seja o que nos motiva, seja na vida ou diante da morte.
Por Edson Ciso