SERVIR A DEUS SEM PERDER A ALMA
Servir a Deus sem perder a alma
“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?” (Mc 8:36)
Por mais espantoso que possa parecer, um dos desafios da vida cristã é não perder a alma. Isso, claro, para os crentes piedosos, os dissolutos não têm com que se preocupar.
Embora pareça uma fuga do contexto original do verso, uma das formas em que frequentemente vemos pessoas boas perderem a alma é a perderem de si mesmos. Não é raro ver pessoas com a alma fragilizada, adoecida, moribunda, consequentemente à beira de um colapso total, por conta de uma entrega desmedida de si mesmo a outrem sem que respeitem seus limites psicológicos, físicos e culturais.
Assim, dando o que não deveriam dar, entregando o que não deveriam entregar, obliterados por um pseudo entendimento da renúncia que o evangelho exige, muitos têm diluído suas almas e ferido suas consciências.
É claro que o evangelho requer de cada um de nós renúncia, entrega, resignação, cruz, mas isso não tem a ver com ferir a consciência em prol de caprichos alheios. O desejo de agradar a todos, de certa maneira, tem destruído muitas pessoas bem intencionadas e de bom coração. Principalmente quando se confunde fazer o bem com não entristecer, não magoar, não contrariar, não poder dizer não, etc.
No geral, as solicitações da alma humana são carregadas de sutilezas e, como o próprio homem, marcada pelo pecado. Ceder a todos os seus caprichos é enveredar em um caminho de morte. É imprescindível que saibamos dizer não a nós mesmo, mas, de igual forma, é imprescindível que saibamos dizer não aos outros. Eis a renúncia integral e necessária, isto é: abdicar de tudo que é humanamente pecaminoso de quem e em quem quer que seja.
Aquilo que alguns poderiam chamar de egoísmo, pode ser para muitos o início do processo de cura de suas almas, um sinal de vida. Aprender a dizer não, bem como saber ouvir, é salutar. Nos negar a fazer o que não temos vontade, o que vai ferir nossas emoções, adoecer a alma é um bem que fazemos a nós mesmos.
Por Edson Ciso