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O INCONTESTÁVEL AMOR DE DEUS E NOSSAS CARÊNCIAS AFETIVAS

O incontestável amor de Deus e nossas carências afetivas

 

“Isto é o meu corpo que é dado em favor de vocês” (Lc 22.19)

 

Vivemos em um tempo em que as pessoas precisam cada vez mais de significar o seu amor umas pelas outras e, portanto, estão cada vez mais buscando provas que possam dar base a estes significados.

Em virtude da fluidez do tempo em que vivemos, quanto maiores as provas, mais carentes as pessoas se tornam. Visto que o amor que dizem viver está baseado em sentimentos.

Não obstante, Jesus nos mostra que o amor substancial não se baseia em sentimentos, mas em aliança. Uma aliança fundamentada na doação de si mesmo e não na recompensa requerida do outro.

A compreensão dessa dinâmica mais do que mudanças de atitudes, requer uma mudança radical da maneira como pensamos.  Impossível viver nessa perspectiva sobre a luz de nosso tempo e de nossa cultura.

Nossos sentimentos são instáveis e como tal, qualquer manifestação de amor baseada e fundamentada em sentimentos sofre as demandas que esta lhe impõe. Assim, não é se de admirar, como citado que o nível de carência afetiva das pessoas em nossos dias esteja tão alto.

Como essa falta é grave e crônica para a alma, o recurso, muitas vezes inconsciente, que o indivíduo se impõe é sobrepor essa lacuna com outras coisas. Geralmente o que se vê são comportamentos desviantes como solução compensatória da necessidade latente de se sentir amado.

A busca pela compensação desta falta, faz a pessoa se submeter, muitas vezes, a condições humilhantes ou até mesmo que lhe impõe risco a própria vida. Compulsões, vícios, distúrbios mentais também podem estar estreitamente ligadas a carência afetiva.

Muitas pessoas têm recebido ajuda de profissionais de diferentes áreas do conhecimento. É imprescindível pedir ajuda quando não sabemos lidar com nossas faltas. Bons conselhos nos ajudam a organizar a mente, quando estamos confusos demais para lidar com nossos próprios pensamentos.

Mas como lidar de maneira cirúrgica com nossa necessidade de ser amados com um amor inconteste? Penso, que uma boa maneira, para não dizer a única realmente eficaz, é mudar nossas referências.

O cinema, a cultura, até mesmo boa parte dos relacionamentos que testemunhamos no dia a dia, não são boas referências para nós. Isso porque a sociedade tem sofrido fortemente um processo de destituição dos valores. Precisamos olhar para algo que esteja para além de nós. Precisamos focar em Deus.

Para aqueles que creem que Deus revela sua vontade ao mundo na bíblia sagrada, o que se lê é que Deus amou-nos de tal maneira que deu seu próprio filho em nosso favor. Também lemos que o Filho disse a respeito si mesmo, simbolicamente: “este é o meu corpo que é dado em favor de vocês”. Assim fica estabelecida uma Nova Aliança de Deus com os homens, a partir desta entrega sacrificial.

Um amor que não tem como base sentimentos, mas uma aliança. Um compromisso. Um amor que não esperou receber primeiro para se doar depois. O corpo foi dado em favor do outro, mesmo quando o outro não tinha e não podia nada oferecer.

Isso significa dizer que esse amor não vai mudar por conta da percepção de que o outro responda de maneira positiva ou negativa ao amor ofertado. Não se ama menos por conta da sensação de que o amor não está sendo recíproco, ou não se ama mais por estar sendo devidamente recompensado, apenas se ama. Essas condições podem deixar o indivíduo menos ou mais satisfeito. Mas não determina a proporção do amor, pois este não está baseando no sentimento, mas no compromisso.

Em perspectiva, pensemos nas implicações de termos essa dinâmica como referência para nossos relacionamentos. Mesma que essa aliança não esteja patente, ela está lá. Relacionamento de amizades, por exemplo. Imagine ter uma quantidade significativa de amigos que, passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer não te deixe só. Que estejam, inclusive, dispostos a se doar por você – ninguém tem maior amor que esse, do que dá a vida pelos seus amigos (Jo 15.13) –  Mesmo nos dias que não estivermos muito bem, saber que nossa condição do momento não afetará o estado das coisas entre nós e nossos amigos, mais que isso, que receberemos socorro em momento oportuno, é reconfortante.

Relacionamento entres pais e filhos, entre cônjuges, de igual forma são fortemente impactados sob esta perspectiva da aliança. É tácita, mas está lá. Um filho vai ser sempre um filho, mesmo quando apresentar comportamento desviante da nossa perspectiva de ideal. O relacionamento conjugal, de igual modo, cujo terreno onde o amor se firmar tendo por referência essa perspectiva da aliança se enche de robustez. Assim, o que determinaria os comportamentos e as ações dentro do relacionamento não seria os flexíveis meandros dos sentimentos, mas a solidez da aliança.

Em resumo, a ansiedade causada pelo medo e incerteza dos sentimentos quando não se extinguisse, se reduziria drasticamente. Qual o espaço para carência afetiva quando aquele que te diz amar está pronto para doar-se incondicionalmente por ti? Saber que somos alvo do afeto do outro que isso não vai variar com as circunstâncias, nem com o tempo é remédio eficaz para alma.

Assim, o grande problema do nosso tempo são nossas referências. Nossos alicerces estão firmados em terrenos inseguros. Precisamos olhar para o alto, precisamos ter todas nossas referências em Deus, em quem não há variação nem mudança.

 

Por Edson Ciso

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