Maturidade cristã
A vida cristã é como um processo gradual tanto quanto as fases de desenvolvimento de uma criança. Tornar-se cristão é apenas a primeira etapa, o nascimento.
O indivíduo seguidor de Jesus tem diante de si um caminho a percorrer em seu processo de maturação religiosa. Assim como a criança avança gradualmente em direção a complexidade da vida, o prosélito gradualmente avança em direção as coisas do Reino. Paulo, apóstolo, parece defender esta posição ao se referir aos crentes de Coríntios como “crianças em Cristo” (ICr. 3.1b).
Não obstante, é necessário que deixemos de ser neófitos. Segundo o escritor da carta aos hebreus é premente que deixemos as coisas elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade. O mesmo faz uma lista de coisas que considera rudimentar a se saber a respeito de Cristo: “…avencemos para a maturidade sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus, da instrução a respeito de batismos, da imposição de mãos da ressurreição de mortos e do juízo eterno” (Hb. 6.1-2). Embora sejam rudimentares são imprescindíveis, por isso a proposta é que avancemos ao invés de abrir mão dos mesmos.
Avançar para onde?
Como a figura de análise se reporta a criança, o escritor da carta aos hebreus nos incita a abandonar o leite e a buscar o alimento sólido (Hb. 5.12).
Mas o que isso significa em termos práticos e o que ele está chamando de alimento sólido?
Bem, ele afirma o seguinte: “Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal” (Hb.5.13-14). Parece-me que neste contexto específico o que o autor estar definindo como alimento sólido diz respeito a justiça e a discernir bem e mal.
De fato, a estrutura cerebral da criança recém-nascida não está pronta para fazer todas as abstrações necessárias para raciocínios complexos tal como os adultos, assim como, também, a mesma não detém todos os elementos da cultura a qual estar inserida para estabelecer juízos de valor pertinentes e socialmente aceitáveis.
Mas por que a questão da justiça e a estar apto a discernir tanto o bem quanto o mal são procedimentos de gente madura?
Uma das razões, penso, é porque estas são características fundamentais das pessoas que são capazes de agir responsavelmente ante aos poderes a elas delegados, bem como a liberdade que possuem.
Neste sentido, o escritor aos hebreus parece apontar na direção da necessidade de ser experimentado no ensino da justiça bem como, pelo exercício constante, estar apto para discernir tanto o bem quanto o mal. Manifestando assim maturidade na vida cristã.
Por Edson Ciso
Imagem de capa: Adaptado de Freepik