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INTIMIDADE

Intimidade

 

A maioria de nós tem dificuldade com relacionamentos íntimos. Quanto mais próximo for o tipo de relacionamento mais problemas temos em lidar com suas demandas. Talvez porque relacionamentos profundos exigem muito de nós.

Isso se aplica a realmente todo tipo de relacionamento. Até mesmo ao nosso relacionamento com Deus. Por causa do problema da proximidade, dificilmente saímos da nossa zona de conforto e da mediocridade.

É muito mais fácil amar a distância, é muito mais fácil se esquivar quando estamos em um lugar seguro a ponto de não precisar se envolver profundamente. A proximidade invariavelmente faz exigências difíceis.

É muito mais tranquilo amar um Jesus que está no céu, por exemplo, do que amar um Jesus que senta contigo à mesa e te manda vender tudo que tem e doar aos pobres (Mt 19.21).

Esse é um mal que se aplica a tudo em nossas vidas. Nós temos um real problema com intimidade, porque intimidade exige renúncias, exige sacrifícios e traz bastante desconforto.

Veja! É muito menos dispendioso para uma pessoa fazer amor com alguém que ela paga do que com alguém com quem tenha uma relação de intimidade e compromisso. Aliás, por dinheiro nem dá para falar em fazer amor, é apenas negócio, e um negócio que envolve um ato físico frequentemente sem sentimento algum. Não a preocupação alguma com o outro, se o outro obteve prazer, se está emocionalmente envolvido etc., o indivíduo aqui busca apenas se satisfazer, nada mais.

De igual forma podemos dizer que é muito fácil achar as crianças dos outros maravilhosas. Os filhos dos outros são realmente maravilhosos! Nossa relação com eles é sempre segura. E o são porque eles estão sempre a uma distância segura a ponto de não nos trazer nenhum problema realmente sério. Quando eles dão problemas a gente simplesmente os devolve para os pais.

A proximidade e a intimidade nos é custosa e é justamente por isso que preferimos não nos comprometer profundamente com quase nada, porque nós não queremos sofrer os desconfortos das relações íntimas.

O grande problema é que com isso nós nos tornamos cada vez mais rasos, vazios, supérfluos e dispensáveis. E essa dinâmica acaba respingando em nosso relacionamento com o próprio autor da vida. Nós acabamos aprendendo a amar e a lidar com Deus como lidamos com todo o resto.  Nos relacionamos com Ele apenas e enquanto esse amor não exige nenhum sacrifício verdadeiramente radical de nós. Assim vamos mantendo nosso relacionamento com Ele a uma distância “segura”, sem que mergulhemos verdadeiramente em seu ser.

Algumas pessoas têm horror a religião e as coisas da religiosidade justamente porque deuses fazem exigências demais. Outros permanecem a vida toda a uma distância segura, mas poucos desfrutam de uma real intimidade.

Até que por sua graça Deus nos envolva em nossa jornada pela vida vamos vivendo assim, nesse distanciamento seguro. Assim também vamos nos relacionando com as pessoas, até que, por alguma razão estranha para nós, nos deparamos com alguém que quebre nossas regras.

Não se envolver profundamente com nada e com ninguém é uma escolha e cada um escolhe a maneira que deseja viver e sofre o ônus de suas escolhas. Mas precisamos pensar em como seria a vida e como seria o mundo se fossemos pessoas menos comprometidas apenas com nossas vidas e interesses e mais comprometidos com Deus e com as pessoas que dizemos amar.

Precisamos pensar em como seria o mundo se ele fosse cheio de pessoas plenas, inteiras, cheias de Deus e transformadas por uma vida de intimidade com Ele, como seriam as relações familiares, como seriam os relacionamentos amorosos, como seria fazer negócios etc.

Depois de pensar e repensar sobre isso, precisamos decidir se vamos querer continuar com nossos relacionamentos rasos ou se vamos em busca de relacionamentos mais profundos. E isso principalmente em relação a Deus; pois dEle depende todo o resto.

 

Por Edson Ciso

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